Tropeirismo
CAMINHO REAL DO VIAMÃO
O extenso corredor partia de Rio Grande (RS), no extremo sul do Brasil e terminava em Sorocaba (SP). Pelo caminho havia alguns pontos estratégicos, para fins de documentação da tropas, pagamento de impostos e reabastecimento de suprimentos para a longa viagem dos tropeiros.

Caminho Real do Viamão – O corredor das tropas. Trecho do Corredor virou estrada na Coxilha Rica.
Eram os principais a Guarda de Viamão (entre Santo Antônio da Patrulha e São Francisco de Paula), o Passo de Santa Vitória (na Divisa entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul) e o Registro das Tropas (entre Lapa e Tamanduá no Paraná). Esses três lugares importantes hoje pertencem aos Municípios de Viamão (RS), Lages (SC) e, possivelmente, Ponta Grossa (PR), visto que o Corredor transitava ao lado das famosas formações rochosas de Vila Velha.
Saiba mais: http://arrudafamilias.blogspot.com.br/2011/09/caminho-real-do-viamao-o-corredor-das.html
Originalmente, a designação “Estrada Real” pressupõe:
- natureza oficial;
- exclusividade de utilização;
- vínculo com a mineração.
Era o caminho oficialmente autorizado para circulação de pessoas e mercadorias. A abertura ou utilização de outras vias constituía crime de lesa-majestade, encontrando-se, aí, a origem da expressão “descaminho”, com significado de contrabando.

Caminho Real do Viamão
Os principais caminhos ligando o Rio Grande do Sul a outros pontos da Colônia:

Principais postos da Estrada Real do Viamão:
- Guarda de Viamão: entre Santo Antônio da Patrulha e São Francisco de Paula.
- Passo de Santa Vitória: na Divisa entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul
- Registro das Tropas: entre Lapa e Tamanduá, no Paraná.
2. Caminho das Missões: campos de São Borja, seguia por Santo Ângelo, Palmeira das Missões, Rodeio, Chapecó, Xanxerê, Palmas, onde se bifurcava por União da Vitória e Palmeira, e por Guarapuava, Imbituva e Ponta Grossa.
3. Caminho da Vacaria: interligava Cruz Alta a Vacaria ao Caminho do Viamão, passando por Passo Fundo e Lagoa Vermelha. 4. Caminho da Praia ou Estrada da Laguna: interligava a Colônia de Sacramento a Laguna, atravessando o Rio Chuí, barra da Lagoa dos Patos (Rio Grande), Rio Mampituba, Rio Araranguá até Laguna.
No início do século XVIII, para assegurar o domínio português sobre o território do extremo Sul e incrementar o transporte de animais e couro para abastecer a região mineira, a Coroa portuguesa ordena abrir a Estrada da Laguna ou Estrada da Praia, ligando Laguna, (Santa Catarina) à Colônia de Sacramento (Uruguai).
Entre 1682 (ano da primeira retomada portuguesa da Colônia do Sacramento) e 1705, a faixa de areia entre Sacramento e Torres era conhecida basicamente por desertores que abandonavam a Colônia do Sacramento e a percorriam a pé, em uma viagem de dois meses até Laguna.
Saiba mais: DOMINGUES, Moacyr. “O Rio Grande antes dos Açorianos”. In: Presença Açoriana (org. Vera Lúcia Barroso). Porto Alegre: Est, 1997

Jean Baptiste Debret: , Torres, na década de 1820.
A estrada ligando Torres ao planalto só seria aberta em 1825. Em 1810, havia em Torres apenas uma guarda de registro, controladora da travessia do Mampituba. O núcleo urbano junto às falésias de basalto à beira-mar só nasceria na década de 1820: O sítio das Torres não passava de um deserto, cheio de matagal e banhados.

Jean Baptiste Debret: Passagem das Tropas pelo Rio Mampituba, Torres
Centenas de lagunenses, na maioria das vezes acompanhados de suas esposas e familiares, participaram destas expedições, o que fez com que, em diversos momentos da sua história, Laguna ficasse com uma população reduzida a crianças, idosos e poucas mulheres.
Iniciada com as missões jesuítas e seguida com a formação das estâncias por lagunenses e vicentinos (paulistas que se deslocavam do Norte), foi introduzido o gado bovino no RGS. A estância correspondeu ao abandono das atividades predadoras de abate indiscriminado de animais no campo para extrair-lhes o couro e vendê-lo a contrabandistas. A agricultura, nesses primeiros tempos, confinava-se ao plantio da erva-mate.
Em meados do século XVIII, o sucesso da tropeada de Cristóvão Pereira revelou o potencial dos campos litorâneos do RS para a criação de gado vacu. Muitos paulistas, lagunenses e residentes da Colônia de Sacramento afluíram para os campos de Viamão,instalando-se nas áreas das atuais Tramandaí, Mostardas e Viamão, para ali fundar as primeiras estâncias do RS. Em 1780, Pelotas já produzia charque, dando início ao primeiro grande ciclo econômico da província.

Jean Baptiste Debret: Vista dos fundos da Capela, a partir do topo do Morro do Farol, início do século XIX.
Saiba mais: RUSCHEL, Dalila; P.; RUSCHEL, R.R. São Domingos das Torres. Porto Alegre: Martins Livreiro, 1984. APUD: DA CUNHA. Índios Xokleng e colonos no Litoral Norte do Rio Grande do Sul (séc. XIX). Porto Alegre: Evangraf, 2012. [p. 96-97]